Tomando como orientação prioritária a de ter peso em Madrid, os dirigentes do nacionalismo galego empreenderam nos últimos anos um caminho carregado de conotações regionalistas. Não tiveram em conta que, se se trata da presença ali, são galegos uma cheia de persoas que governam instituições políticas, civis ou religiosas da capital do Estado: a Presidenta do Tribunal Constitucional, o Fiscal Geral do Estado, o Chefe do Estado Maior do Exército, o Presidente do Partido Popular, o Secretário-Geral de CCOO, o Presidente do BBVA, o Presidente da Conferência Episcopal.
Não consideraram que isto não é novo, pois nos séculos XIX e XX assumiram salientes responsabilidades de governo personagens como Eduardo Chao e Eugenio Montero Rios ou Manuel Portela Valadares e Santiago Casares Quiroga, estes dous presidentes do Governo, e mesmo aquele militar fascista que levantado contra o Governo republicano provocou a Guerra Civil e trouxe uma cruel Ditadura. José Canalejas e Eduardo Dato, igualmente presidentes do Governo e mortos em atentados durante as primeiras décadas do século passado vinheram ao mundo em Ferrol e A Corunha. Também não lembraram que esta realidade vem de muito mais longe: negada Galiza como Reino, e marginada a sociedade galega durante séculos, a nobreza desta origem -os Castro, Andrade, Ossorio, Figueroa, Monterrei, Fonseca, Azevedo, Pimentel, Altamira, Árias Saavedra, Ribadávia...-, teve uma função fundamental no governo dos estados das monarquias Hasburgo e Borbon, tanto na Península como em Europa e América. Os Reis Católicos que decapitaram o Reino detinham o título galego de Trastamara que llhe fora furtado aos que o posuiram desde tempo imemorial.
A consciência disto forma parte da tradição do movimento nacional galego.
Centrando a sua estrategia na procura do peso em Madrid, os dirigentes nacionalistas ignoraram que (sem quitar-lhe importância para Galiza da política das instituições centrais do Estado nas competências que restem nesse ámbito) o objectivo básico do movimento nacional galego não é esse, senão o de construir o auto-governo de Galiza como nação. Evidenciando o errado da orientação tomada, entanto que mostravam um notável desleixo na instrumentação de um programa comum desde um Governo autónomo que administrava uma cifra equivalente á quarta parte do produto interior bruto de Galiza, celebravam a consecução nas Cortes de uma cifra cen veces inferior, chegando a afirmar que dous deputados nacionalistas seriam determinantes na política estatal.
Todo mália que a sociedade galega está mais preparada que nunca para protagonizar um projecto nacional sem fronteiras.
Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004.